sábado, 18 de setembro de 2010

O Talentoso Ripley (o livro)


A gente falou de Crime e Castigo e eu me lembrei do que é, na minha opinião, o Crime e Castigo que "deu certo". O Talentoso Ripley tem vários paralelos com o livro do Dostô: um assassinato por dinheiro, justificado pelo assassino a si próprio como um "eu mereço mais". Mais um crime imprevisto, para eliminar uma testemunha. O protagonista é perturbado, pela culpa em um, pela paranoia em outro, enquanto a polícia segue em seus calcanhares. A diferença é que em O Talentoso Ripley, o final não me frustra. E deu filme. Não disse que dava filme?

(Não venham com mimimi de "literatura menor", "de entretenimento" e essa pataquada toda. Se você acha que não dá pra comparar um clássico da literatura universal com um livro policial, eu honestamente quero que você se foda. O blog é meu, mané. Aliás, já aviso que policial é o meu gênero mais preferido ever, e se você não gosta, é melhor nem começar a ler este blog.

Aliás, se você também não gosta de spoilers, é melhor nem começar a ler este blog.)

Vocês devem ter visto o filme, já. O livro, da Patricia Highsmith, é na verdade o primeiro da saga do Ripley, que eventualmente acaba virando uma enciclopédia criminosa: chantagem, estelionato, falsificação, assassinato, se o cara não faz o serviço certamente conhece quem faz. Nos livros, o cara é um filhodaputa gelado, sem nenhum arrependimento, bem o tipo de vilão que eu curto. A paranoia dele nesse primeiro é por puro medo e inexperiência na vida criminosa, nunca por remorso. No filme é tudo um pouco diferente: por exemplo, no livro, Ripley mata Dickie premeditadamente, já com a intenção de se passar por ele; no filme, o assassinato ocorre no calor do momento, e é meio que sem querer que ele percebe que pode se passar pelo rapaz. No filme, rolam uns moralismos aí que não rolam no livro, e no fim, em vez de se ver condenado à culpa e à solidão, Ripley herda toda a grana de Dickie e vê o começo de uma nova e maravilhosa vida amanhecendo à sua frente. Em suma, no livro, o crime compensa, e tanto compensa que rende cinco outros livros.

2 comentários:

  1. Li o livro, vi o filme do Minghella e tb O Sol por testemunha. Este último é meio frustrante por deixar subentendido q Ripley se ferra no final, apesar da beleza estonteante de Allan Delon; O talentoso Ripley tem msm umas crises de consciência, mas acho elas boas qdo vistas pela "lógica emocional corrupta" de Ripley; qdo fui ler o livro já havia visto os dois filmes, então fiquei fazendo paralelos. Bom poder exteriorizá-los (mesmo que meio grosseiramente) aqui.

    E não mate o blog! eu achei q começou mto bom! bejo,
    =)

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  2. rapaz, sabe que eu tinha ESQUECIDO de sob o sol por testemunha? eu não cheguei a assistir, mas sabia que era adaptação do livro. lembro de terem me falado que era tipo MUITO melhor que o filme do minghella. vou correr atrás e tirar a prova

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