quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Continental Op

Bueno, eu disse aí embaixo que Dashiell Hammett merecia o crédito por ter inventado o vero conceito do detetive hardboiled. Na real, o primeirão no negócio foi Carroll John Daly, com o personagem Race Williams, mas a coisa só foi ficar popular mesmo com Hammett ao longo da década de 20 e da seguinte.

Os contos do Continental Op foram publicados na Black Mask, a histórica revista de literatura policial que inspirou o filme Pulp Fiction. O autor sabia muito bem do que estava falando: combateu nas duas guerras mundiais e trabalhou como detetive por muitos anos, e provavelmente viu mais cadáveres ao longo da vida do que um médico legista mediano.
Não sabemos muita coisa a respeito do operador da Agência de Detetives Continental. O homem não tem nome, nem sentimentos e nem muita moral; não se importa, por exemplo, de armar uma cilada para um detetive corrupto para não ter que sujar o nome da agência, e suporta heroicamente as investidas de uma garota "bela como o diabo, e duas vezes mais mortal", quando qualquer homem com sangue nas veias já seria um marionete nas mãos dela. Os contos se passam em São Francisco, entre bares clandestinos da lei seca que até a polícia frequenta para beber, espeluncas chinesas que servem de fachada para negócios escusos, entre homens violentos e cruéis e mulheres dissimuladas e fatais. Diga-se de passagem, o conceito de "mulher fatal", nas histórias do Hammett, é muito mais literal...

Aqui em Pindorama, eu consegui achar duas coletâneas com os contos do detetive: O Grande Golpe, edição da L&PM Pocket, facinha de encontrar, e Continental Op, da Companhia das Letras, infelizmente esgotado (peguei na biblioteca do Centro Cultural). Não tem contos repetidos entre ambos, então se você realmente gostar de um, vale a pena procurar o outro. Estrelado pelo Continental Op, tem também o Seara Vermelha (não confundam com o do Jorge Amado, POR FAVOR), um romance "longa metragem" fabuloso, do qual eu falo mais qualquer dia desses, e Estranha Maldição, que ainda não consegui encontrar pra ler.

Um comentário:

  1. Ei, adoro seu blog, mas não tinha comentado antes... Sempre que der dou uma passadinha aqui! Beijos.

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